Depressão
A depressão é um dos problemas de saúde mental mais comuns. Pode fazer-nos sentir tristes, desesperados, inúteis e sem valor, desmotivados e exaustos. Pode afetar a nossa auto-estima, o nosso sono, o apetite e o desejo sexual, podendo interferir com as nossas atividades diárias e, às vezes, com a nossa saúde física.
Costumamos usar a expressão “estou deprimido” quando nos sentimos tristes e muito insatisfeitos com a nossa vida. Mas, normalmente, estes sentimentos passam. É normal sentirmo-nos tristes e infelizes com a perda de alguém que amamos, com uma separação ou com uma grande desilusão/frustração. Também podemos ficar tristes e “em baixo” depois de discutirmos com um amigo ou termos má notas num teste. Estas reacções emocionais são adequadas à situação que estamos a viver e têm uma duração limitada.
Contudo, se estes sentimentos interferirem com a nossa vida e não desaparecerem após duas semanas, ou se estiverem constantemente a voltar, podemos estar deprimidos no sentido clínico do termo. A depressão é um estado de humor duradouro que envolve tristeza, desespero e desesperança, que interfere com a nossa capacidade de aproveitar as coisas boas da vida e nos deixa sem energia e motivação para as nossas actividades do dia-a-dia.
Na sua forma mais leve, a depressão significa que nos sentimos mais “em baixo”. Não nos impede de continuar com a nossa vida normal, mas torna tudo mais difícil de fazer e faz parecer que o nosso esforço é inútil e vão. Na sua forma mais grave, a depressão pode ameaçar a nossa integridade física e fazer-nos ter vontade de desistir de viver (suicídio).
A depressão manifesta-se nos nossos sentimentos (por exemplo, sentimo-nos tristes, desesperados ou vazios; choramos facilmente e isolamo-nos dos outros), nos nossos pensamentos (por exemplo, temos dificuldade em nos concentrarmos e tomarmos decisões; culpamo-nos sobre tudo e vemos sempre o lado negativo do que acontece), nos nossos comportamentos (por exemplo, deixamos de fazer actividades que nos davam prazer, evitamos situações e não nos apetece falar) e no nosso corpo (por exemplo, temos dificuldade em dormir ou dormimos demasiado, sentimo-nos sem energia e perdemos o apetite/comemos em excesso, consumimos mais tabaco ou álcool do que é habitual).
Durante a adolescência existem muitas coisas que nos podem deixar tristes e deprimidos. Por exemplo, a morte de alguém , preocupação com o nosso aspecto físico, preocupação com a nossa sexualidade, sentirmo-nos excluídos e à margem de qualquer grupo, sentirmo-nos inúteis, discutirmos com familiares ou amigos, mudanças na nossa estrutura familiar, pensar que a nossa vida nunca vai melhorar, ter problemas com o nosso/a namorado/a, preocupação com os resultados escolares, sermos vítimas de bullying, sentir que estamos sozinhos e ninguém nos compreende.
Mas existem muitas coisas que podem influenciar a probabilidade de termos ou não uma depressão. Por exemplo, factores biológicos (genética, química cerebral e hormonal), ambientais (estações do ano, número de horas com luz), sociais e familiares e pessoais (por exemplo, a nossa personalidade).
A depressão manifesta-se de forma diferente em cada pessoa, mas existem alguns sinais e sintomas comuns:
- Sentir-se triste, infeliz, irritável ou vazio por mais de duas semanas;
- Não ter prazer nas coisas que anteriormente gostavam de fazer;
- Sentir-se sem valor ou culpado a maior parte do tempo;
- Sentir que tudo se tornou demasiado difícil;
- Pensamos negativos sobre nós próprios, o mundo ou o futuro;
- Dificuldades em concentrarmo-nos e em tomarmos decisões;
- Pensar frequentemente sobre a morte ou o suicídio;
- Sentir-se cansado a maior parte do tempo;
- Pouca energia e motivação;
- Dificuldades em dormir (dificuldade em adormecer, acordar a meio da noite, ter pesadelos, acordar demasiado cedo);
- Perder o apetite ou comer demais, conduzindo a perda ou ganho de peso;
- Sentir dores (por exemplo, dores de cabeça) que não têm uma explicação.
A depressão não é “fita” nem “falta de força de vontade”. A depressão não se resolve com “pensamento positivo” nem basta a pessoa “reagir”. Quando nos sentimos deprimidos, podemos achar que nada nem ninguém nos conseguirão ajudar. Mas isso não corresponde à verdade: existem tratamentos eficazes para a depressão. A maior parte das pessoas recuperam de episódios e períodos depressivos.
Por isso, se nos sentimos deprimidos devemos sempre recordar que a tristeza tem fim e que nos vamos sentir melhor, mesmo que isso às vezes seja difícil de imaginar.
Existem várias coisas que podemos fazer para nos sentirmos melhor. Por exemplo:
- Fazer atividades de que realmente gostemos (por exemplo, ouvir a nossa música preferida, ver filmes, ler livros, ir beber café com um amigo ou praticar um desporto), mesmo que não nos apeteça.
- Falar com alguém em quem confiamos. Um amigo, um familiar ou um Professor podem ouvir-nos e compreender-nos, apoiar-nos em fases menos boas e recordar-nos que ultrapassaremos essas fases, ajudar-nos a ver as coisas boas da nossa vida e fazer-nos companhia em actividades que nos dêem prazer.
- Identificar os problemas, mas não nos deixarmos consumir por eles. É bom tentarmos identificar as situações que nos deixam tristes e nos perturbam. E é bom falarmos com alguém sobre isso, partilhando os nossos sentimentos e recebendo compreensão. Mas depois de o fazermos devemos voltar a nossa atenção para a resolução dos problemas e para coisas mais positivas.
- Adotar um estilo de vida saudável: dormir bem, comer saudavelmente e fazer exercício físico pode realmente melhorar o nosso humor. Assim como evitar o uso de álcool e outras drogas.
- Expressar as nossas emoções através da escrita, do desenho, da música, da dança, etc.
Mas o mais importante é procurar ajuda. Quando os sentimentos negativos não desaparecem, não conseguimos lidar com eles ou interferem com a nossa capacidade de fazer a vida do dia-a-dia, devemos mesmo procurar ajuda. Se a depressão não for tratada, pode agravar-se.
Podemos dirigir-nos directamente ao Psicólogo da Escola, mas também podemos falar com os nossos Pais, nomeadamente se quisermos falar com um Psicólogo fora da escola . Pode parecer difícil a ideia de partilhar os nossos sentimentos com os nossos Pais, sobretudo se não estivermos habituados a fazê-lo ou se nem nós próprios soubermos bem o que se passa connosco. Mas, muitas vezes, os Pais poderão dar-nos uma nova perspectiva que nos ajuda a esclarecer as coisas. É bastante provável que a reacção seja de compreensão e apoio. Podemos dizer-lhes directamente que precisamos de ajuda, e se não for suficiente para nós a ajuda dos Pais, pedir-lhes para falar com um Psicólogo.
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