Saber dizer Sim e Não

Saber dizer “Sim” e “Não” é ser-se assertivo. A assertividade é uma forma saudável de comunicar. É a capacidade de falarmos por nós mesmos, de dizermos e defendermos aquilo que pensamos e sentimos, mas de forma honesta e respeitosa.

Ser assertivo significa dar a nossa opinião, pedirmos o que queremos e precisamos. É discordar de forma respeitosa. É oferecer as nossas opiniões, ideias e sugestões. É dizer “não”, sem nos sentirmos culpados ou ansiosos.

Ser assertivo significa fazer o que queremos fazer, o que achamos melhor. E não o que os outros querem fazer ou o que os outros acham melhor. Protege-nos de sermos pressionados ou manipulados.

Quando agimos ou comunicamos assertivamente somos diretos, claros e honestos; respeitamos os nossos e os direitos dos outros; fazemos perguntas ou pedimos o que queremos de forma confiante e sem ansiedade; somos responsáveis pelas nossas escolhas e comportamentos. Ao mesmo tempo, permitimo-nos errar e mudar de ideias.

Ser assertivo não é algo natural para a maior parte das pessoas. Algumas pessoas comunicam de forma mais assertiva, outras de forma mais passiva ou agressiva. Tem a ver com a nossa personalidade, com as experiências que tivemos e com aquilo que aprendemos com as pessoas que nos rodeiam.

Mesmo as pessoas mais assertivas comportam-se de forma diferente em diferentes situações. A maior parte das pessoas consegue mais facilmente ser mais assertiva em determinadas situações (por exemplo, com os amigos) do que noutras (por exemplo, com os professores ou os pais).

Quando agimos ou comunicamos passivamente podemos deitar-nos abaixo (“nunca sei o que fazer”), pôr os outros sempre em primeiro lugar ou dizer “não faz mal”, quando faz…! Quando somos passivos não dizemos o que realmente queremos (dizemos “não sei”, “não me importo”, mas na verdade, sabemos e importamo-nos) e deixamos os outros decidir por nós.

Por exemplo, a Ana tem um estilo de comunicação mais passivo. Se lhe perguntarmos que filme é que ela quer ver, o mais provável é que ela nos responda “não sei, o que te apetece ver?”. Normalmente ela deixa que sejam os outros a escolher e a decidir, mas depois arrepende-se de não ter dito o que queria.

Tendemos a agir de forma passiva quando não temos confiança em nós próprios, quando nos preocupamos demasiado em agradar os outros ou em fazer com que gostem de nós, quando temos medo que as nossas ideias sejam ignoradas ou rejeitadas.

O comportamento passivo pode fazer-nos sentir magoados, ressentidos, nervosos ou zangados. Podemos sentir que não temos controlo na nossa vida, que estamos dependentes e sem ajuda de ninguém.

Quando agimos ou comunicamos agressivamente podemos satisfazer as nossas necessidades à custa das dos outros, dizer às pessoas o que realmente sentimos mas de modo desrespeitoso (por exemplo, “és um estúpido e um idiota!”), fazer escolhas pelos outros e ameaçá-los (por exemplo, “vais fazer isso ou eu vou contar tudo”), magoar os outros (física ou verbalmente) para conseguir o que queremos.

Por exemplo, a Joana tem um estilo de comunicação mais agressivo. Não tem problemas em dizer o que pensa, mas normalmente domina as conversas, interrompe os outros e raramente ouve o que têm para dizer. Se discorda de alguma coisa faz logo questão de o dizer, mas com sarcasmo ou desprezando os outros. Tem fama de ser mandona e insensível.

O comportamento agressivo pode fazer com que tenhamos dificuldade em manter amigos, porque os outros sentem que dominamos as conversas ou os desrespeitamos.

Já o João tem um estilo de comunicação assertivo. Quando lhe pedimos alguma opinião, ele dá-a com sinceridade. Se discorda da nossa opinião é capaz de o dizer, mas de uma forma que não nos faz sentir inferiorizados ou errados, respeita o nosso ponto de vista. Também está interessado naquilo que pensamos e ouve o que temos para dizer.

Vale a Pena Tentar ser Assertivo?

Todos os dias vivemos situações em que a assertividade é muito útil. Por exemplo, convidar alguém para sair, fazer uma questão a um professor ou conversar com os nossos pais sobre um assunto delicado.

Um estilo de comunicação assertivo pode ajudar-nos a conseguir o que queremos. Para além disso, ser assertivo mostra respeito por nós próprios e pelos outros. As pessoas assertivas passam a mensagem que acreditam e confiam nelas próprias. Não são nem demasiado tímidas nem demasiado intimidantes. Sabem que os seus sentimentos e ideias são importantes, mas também sabem que os outros têm igualmente os seus direitos.

As pessoas assertivas fazem amigos mais facilmente. Tendem a ser melhores a resolver conflitos e discussões. Respeitam e são respeitadas. Passam menos tempo a comparar-se com os outros e a sentirem-se inferiores. Fazem escolhas mais realistas e adequadas para si próprias. Selecionam melhor as pessoas com quem se relacionam. E sentem mais controlo sobre a própria vida.

Como Podemos Ser Mais Assertivos?

Ser assertivo leva tempo, paciência e requer força de vontade. Não “acontece” simplesmente. Antes de mais é preciso escolher conscientemente ser assertivo e experimentar dizer e fazer as coisas de modo diferente.

Para se ser assertivo é preciso praticar e treinar. Embora algumas pessoas tenham mais tendência para, naturalmente, serem assertivas, a assertividade é um estilo de comunicação que é sempre possível aprender e que podemos sempre melhorar.

A chave para se ser assertivo é falar abertamente, claramente e honestamente, sem culpar, ridicularizar ou rebaixar os outros. Quando queremos falar com assertividade devemos tentar formular o nosso pensamento da seguinte forma:

  1. Eu sinto-me… (por exemplo, magoado, envergonhado, zangado…)
  2. Quando tu… (por exemplo, não me respondes às mensagens, me chamas gordo/a…)
  3. Porque… (por exemplo, parece que te estás a aproveitar de mim, eu não sei o que se está a passar…)
  4. Eu gostava que/Vamos…/Como é que podemos resolver isto?… (por exemplo, fala comigo sobre isso, se não me tratares assim, quero que me apoies na minha decisão…)
  5. O que é que pensas sobre isto?

Se quisermos ser menos passivos e mais assertivos, podemos:

  • Prestar atenção à forma como pensamos e sentimos, àquilo que queremos e preferimos. Precisamos de ter consciência destas coisas antes de as podermos comunicar aos outros.
  • Reparar se respondemos “não sei”, “não quero saber” ou “não tem importância” quando alguém nos pergunta o que queremos e parar de o fazer. Praticar dizer claramente o que preferimos, sobretudo sobre coisas que realmente nos importam.
  • Praticar fazer perguntas. Por exemplo, “podes passar-me a colher?”, “preciso de uma caneta, alguém tem uma a mais?” ou “podes guardar-me um lugar?”. Treinar este tipo de perguntas simples pode aumentar a nossa confiança para quando tivermos de fazer perguntas sobre coisas importantes.
  • Dar a nossa opinião. Por exemplo, dizer se gostámos ou não de um filme e porquê.
  • Imitar alguém que consideremos assertivo.
  • Recordar-nos de que as nossas ideias e opiniões são tão importantes como as de toda a gente. Saber isto ajuda-nos a ser mais assertivos. A assertividade começa com uma atitude interior de valorização de nós mesmos.

Se quisermos ser menos agressivos e mais assertivos, podemos:

  • Deixar que os outros sejam os primeiros a falar.
  • Reparar se interrompemos os outros. Se dermos por estar a interromper alguém, pedir desculpa e deixar o outro continuar.
  • Perguntar a opinião de alguém e ouvir a resposta com atenção.
  • Quando discordamos de alguém, podemos tentar dizê-lo sem rebaixar o ponto de vista da outra pessoa. Por exemplo, em vez de dizer “isso é uma ideia mesmo estúpida!”, tentar “não gosto dessa ideia”.
  • Imitar alguém que consideremos assertivo.