Desenvolvimento Vocacional

Quer os jovens quer os adultos, em determinadas fases do seu percurso escolar e/ou profissional, podem deparar-se com situações de indecisão quanto à escolha do caminho a seguir. O final do 9º ano ou do 12º ano são exemplos de dois momentos de decisão importantes na nossa vida.

É normal não sabermos bem o que queremos fazer no futuro e não termos projetos. É normal ter medo de não sermos capazes de realizar os nossos sonhos. É normal ter medo que algumas escolhas possam afetar negativamente a nossa vida durante muito tempo. É normal sentirmos que há demasiadas escolhas e decisões a tomar na nossa vida. Afinal, uma escolha implica sempre optar por uma coisa em vez de outra e parece que ficamos sempre a perder algo.

As decisões que tomamos todos os dias, das mais às menos importantes, resultam sempre de um conjunto de fatores internos e externos que nos influenciam. Somos sempre nós que fazemos uma escolha e tomamos uma decisão sobre como agir, mas somos sempre condicionados pelas nossas circunstâncias, pelos contextos em que estamos, pela informação que possuímos e pela forma como interpretamos a realidade.

Por exemplo, as expectativas da nossa família ou dos nossos amigos podem influenciar quer a decisão inicial quer uma mudança de rumo nos nossos projetos. Assim como o custo e o local dos estudos e as oportunidades do mercado de trabalho atual. Temos ainda de contar e lidar com fatores que não controlamos e que não previmos e que acabam por afetar a nossa vida.

Antes de fazermos uma escolha é fundamental saber o que queremos, mas para isso temos de recordar e avaliar tudo o que fizemos, pensar no que gostamos de fazer, no que sabemos fazer bem, no que é mais importante para nós, no que aprendemos com facilidade, no tipo de tarefas que realizamos com entusiasmo.

Desta forma, para fazermos boas escolhas e tomarmos boas decisões relativamente ao nosso presente e futuro profissional é essencial termos um bom conhecimento sobre nós mesmos e sobre a realidade educativa e profissional. É neste contexto que surge a Orientação e o Desenvolvimento Vocacional.

 

O que é o Desenvolvimento Vocacional?

O Desenvolvimento e Orientação Vocacional é um processo que permite ajudar jovens ou adultos a tomar decisões e a dar direção à sua carreira académica e/ou profissional e que é conduzido por um Psicólogo. Pode ser realizado na escola ou fora da escola.

Durante o processo de desenvolvimento vocacional, reflete-se e pondera-se, fazem-se tarefas, exercícios e jogos que nos permitem conhecer melhor a nós próprios – aos nossos gostos, interesses, motivações e capacidades. Também recebemos ajuda para desenvolver estratégias para explorar e procurar ativamente informação sobre as oportunidades escolares e profissionais.

Pensar sobre esta informação e o primeiro passo para depois fazer escolhas relacionadas com uma futura atividade profissional ou com o prosseguimento de estudos numa determinada área. Depois de nos conhecermos melhor e explorar as possibilidades que temos à nossa disposição, estaremos melhor preparados para estabelecer objetivos para a nossa carreira, desenvolver um plano para os atingir, fazer escolhas e tomar decisões. Sabendo à partida que teremos de ir fazendo reajustamento em diversos momentos da nossa vida ou que, depois de experimentarmos uma opção e percebermos que afinal não é o que nos faz sentir melhor, podemos ter de rever o nosso projeto inicial.

Durante o processo de Desenvolvimento e Orientação Vocacional também podemos fazer os chamados “testes psicotécnicos” – estes são apenas uma pequena parte deste processo e servem como uma ferramenta que nos ajuda a tomar consciência de algumas coisas sobre nós próprios, como as nossas características ou interesses. Por si só, os testes psicotécnicos não têm significado, é preciso interpretá-los com a ajuda do Psicólogo e ter em conta todo o restante processo de desenvolvimento vocacional que com ele estamos a realizar. E nunca nos vão dizer tudo nem são o mais importante!

Num processo de Desenvolvimento e Orientação Vocacional os testes ou o Psicólogo não nos dizem o que vamos ser! O Psicólogo não tem uma bola de cristal. Ao longo do processo o Psicólogo ajuda-nos a tomar consciência de coisas sobre nós próprios e sobre o que nos rodeia, sobre formações e profissões e sobre até que ponto nos identificamos com estas, para que NÓS possamos tomar uma decisão mais informada. Somos nós que construímos o nosso caminho (e não o Psicólogo, os nossos Pais, os nossos amigos ou qualquer outra pessoa).

É preciso não esquecer também que planear a nossa carreira é um processo dinâmico, que ocorre ao longo de toda a nossa vida. As decisões que tomarmos não são necessariamente para o resto da nossa vida. Podemos voltar atrás e escolher outro caminho, pode haver mudanças de planos. O nosso projeto de vida é um projeto em permanente construção, que vai sendo reformulado. Podemos ir ajustando o nosso percurso à medida que nós e o que nos rodeia (nomeadamente o mercado de trabalho) vai mudando. Mas é importante traçar um rumo com base nas nossas competências, interesses e valores de hoje.

 

Algumas Sugestões para Pensar sobre o Futuro

  • Pensa no que gostas de fazer, no que sabes fazer, no que aprendes com facilidade, na forma como te imaginas no futuro.
  • Conversa com pessoas que te conhecem bem (os teus pais, amigos ou Professores). Como nos conhecem bem podem ajudar-nos a identificar os nossos gostos e interesses, aquilo em que somos bons ou dar sugestões de cursos ou profissões em que nos imaginam. Somos nós que escolhemos, mas quem nos conhece pode ter ideias que nos ajudam a pensar.
  • Pensa sobre os teus sonhos: no mundo ideal, como seria o teu local de trabalho?; há alguma coisa que sempre quiseste mas tiveste sempre medo de experimentar?; alguma vez olhaste para alguém e pensaste “isto é o meu emprego de sonho!”?.
  • Algumas universidades disponibilizam o currículo dos diferentes cursos na internet e oferecem ainda oportunidades para visitar a universidade. Aproveita! O Psicólogo da escola habitualmente coloca essa informação à nossa disposição ou podemos pedir-lhe ajuda para agendar uma visita.
  • Conversa com pessoas que conheças que desenvolvam profissões que te agradem e pergunta-lhes pelo que percurso que fizeram até terem essa profissão, pelo seu dia-a-dia, condições de trabalho, dificuldades e atividades. Podes até pedir-lhes para ir observar e conhecer como é um dia de trabalho no seu local de trabalho.
  • Pesquisa na internet sobre as profissões e os percursos académicos ou formativos necessários para atingir os teus objetivos. Vai fazendo anotações para depois poderes voltar a esses dados e refletir sobre eles com os Pais ou com o Psicólogo.
  • Imagina-te daqui a 10 anos em várias profissões e analisa as vantagens e desvantagens de cada uma.