Quando Estou com Medo

Toda a gente tem medo. Até os adultos têm medo, por muito corajosos que sejam. E todos temos medo de coisas diferentes. Podemos ter medo de trovoadas, de insectos, dos testes ou de um bullie, por exemplo.

E ter medo não é necessariamente mau. Por exemplo, o medo do fogo pode evitar que nos queimemos e o medo de ter más notas nos testes pode fazer com que estudemos e aprendamos mais. Até há quem goste de sentir um bocadinho de medo e veja filmes de terror ou ande em montanhas-russas!

 

O que acontece quando temos medo?

O medo desperta reacções no nosso corpo: o nosso coração pode bater mais depressa e a nossa respiração ficar acelerada ou podemos sentir-nos tontos e a suar. E também desperta reacções nos nossos pensamentos e sentimentos: podemos ficar paralisados e não conseguir reagir, podemos fugir, sentir que vamos desmaiar ou morrer, ou que estamos completamente sozinhos e impotentes perante o que nos causa medo.

 

O que podemos fazer quando temos medo?

  • Reconhecer que estamos com medo. Não vale a pena tentar ignorar ou negar que estamos com medo. Ao admitir que estamos com medo podemos tentar enfrentá-lo e ultrapassá-lo.
  • Perceber do que é que, exactamente, temos medo. Às vezes sabemos imediatamente do que é que temos medo, outras vezes pode ser mais difícil dar nome aos sentimentos de ansiedade e nervosismo. Às vezes temos medo de uma coisa (por exemplo, medo de cães), outras vezes temos medo de uma situação (por exemplo, sermos chamados ao quadro na aula).
  • Avaliar o medo. Como é que o nosso medo nos está a afectar? Faz-nos ficar na cama em vez de nos levantarmos para ir às aulas? Conseguimos ir às aulas, mas sentimo-nos constantemente desconfortáveis? É importante compreender exactamente qual é o poder do medo sobre nós e tentar combatê-lo.
  • Pensar sobre o medo. Às vezes o nosso medo baseia-se numa ideia errada. Por exemplo, se tivermos medo de cães podemos pensar imediatamente que o cão nos vai morder. No entanto, na verdade, o risco de um cão nos morder é relativamente baixo. Os cães são normalmente amigáveis e não mordem. Podemos tentar pesquisar e saber se existem, de facto, motivos para termos tanto medo.
  • Desenhar o medo. Podemos tentar fazer dois desenhos. Num deles desenhamo-nos a nós próprios com o nosso medo/na situação da qual temos medo e fazemos um balão de pensamento, escrevendo o que estamos a pensar de nos próprios. No outro desenho, fazemos tudo igual mas no balão de pensamento escrevemos uma mensagem calma e positiva, como seria a de uma pessoa sem o nosso medo.
  • Imaginar não ter medo. Podemos respirar fundo e tentar imaginar como seria se não tivéssemos medo. Pensarmos em nós a viver sem o nosso medo. Por exemplo, se tivemos medo de cães, imaginarmo-nos a sair à rua sem qualquer medo de nos cruzarmos com um cão ou até a vivermos com um cãozinho lá em casa.
  • Enfrentar o medo. Outra estratégia possível que podemos experimentar quando temos medo é confrontar o nosso medo. Se temos medo de cães podemos tentar ver fotografias ou um programa sobre cães na TV até não sentirmos medo. Depois, podemos tentar ir a um parque onde as pessoas costumem levar os seus cães a passear e ficar a vê-los, de longe, até não sentirmos medo. Podemos pedir ajuda a um amigo que tenha um cão e ficar a vê-los interagir até sentirmos coragem de fazer uma festinha no cão. A ideia é, lentamente, irmos enfrentando os nossos medos, em vez de fugirmos deles.
  • Pedir ajuda. Muitas vezes não conseguimos ultrapassar os nossos medos sozinhos. Acontece o mesmo aos adultos. Nessas situações devemos pedir ajuda – aos nossos Pais, a um Professor ou ao Psicólogo da escola.

 

E quando temos mesmo MUITO medo?

É normal ter medo quando andamos de bicicleta pela primeira vez ou quando entramos numa escola nova. No entanto, há medos que se prolongam no tempo e podem impedir-nos de fazer coisas e afectar muito a nossa vida. Quando o medo nos deixa muito nervosos, nos faz evitar determinados locais ou situações e nos impede de funcionar normalmente (como quando não estamos com medo), nesse caso, o medo torna-se um problema.

Um medo GIGANTE de uma coisa ou de uma situação chama-se fobia. É um medo que parece que não se vai embora por mais que tentemos. Cada vez que vemos a coisa de que temos medo ou estamos na situação de que temos medo, sentimo-nos muito mal. Tentamos sempre evitar aquilo de que temos medo. Às vezes, mesmo quando sabemos que o nosso medo não faz sentido, não conseguimos controlar o nosso corpo e a nossa cabeça e podemos experienciar um ataque de pânico – pensarmos que vai acontecer alguma coisa horrível, que não conseguimos escapar ou que vamos perder o controlo; o nosso coração pode bater muito depressa, sentirmo-nos tontos, com dificuldade em respirar e pensarmos que vamos ficar malucos ou morrer. Os ataques de pânico duram muito pouco tempo, mas quando estamos a viver um, parece uma eternidade.

Existem muitos tipos de fobias. Uma das mais comuns é a fobia social. Quando temos algo do género, sentimos medo de ficarmos envergonhados em frente de outras pessoas. Podemos ter medo de falar com um Professor, de nos levantarmos a meio da aula para irmos ao WC, ou apresentar um trabalho à turma. Toda a gente pode ter um pouco de receio de fazer estas coisas, mas quando temos uma fobia social temos tanto medo que não conseguimos mesmo agir normalmente. Por exemplo, ter uma fobia social torna quase impossível divertirmo-nos numa festa de anos. Ter uma fobia social não é o mesmo que sermos tímidos. Temos muita vontade de nos divertirmos com os nossos amigos, mas simplesmente não conseguimos controlar o nosso medo quando estamos com outras pessoas.

Quando temos uma fobia devemos procurar ajuda. Um Psicólogo é a melhor pessoa para nos ajudar. Podemos falar com o Psicólogo da escola ou pedir aos nossos Pais para nos levarem a um. O Psicólogo pode ajudar-nos a lidar com a fobia e ganhar mais controlo sobre ela.