Custo-Efetividade da Prevenção e Promoção da Saúde Psicológica e do Sucesso Educativo

Várias revisões e meta-análises demonstram que a prevenção e a promoção da saúde mental são eficazes na redução dos problemas mentais e sintomas de perturbações mentais, assim como na redução do comportamento agressivo e antissocial (Bor, 2004), no uso de substâncias e no aumento das capacidades de coping de crianças e adolescentes. Confirma-se ainda que os efeitos são estáveis e duradouros.

Weare e Nind analisaram 52 artigos de revisão sobre a efetividade da promoção da saúde mental nas escolas. As intervenções revistas demonstravam ter efeitos significativos nas crianças, nas salas de aula, nas escolas e nas comunidades envolvidas, assim como um impacto claro e positivo na saúde mental, nos problemas mentais, na aprendizagem social e emocional, na violência, no bullying e nos resultados educativos.

Diekstra analisou 19 revisões sobre intervenções com uma abordagem universal e que promoviam aprendizagem social e emocional. A maior parte dos programas revelaram ter um impacto significativo nas competências sociais e emocionais; nas atitudes relativas ao self e aos outros e nas atitudes face à escola, aos testes e às notas. O impacto positivo nos problemas do comportamento foi igualmente significativo, assim como nos problemas emocionais (stress, ansiedade, depressão, ideação suicida).

Durlak et al. realizaram uma meta-análise de 213 programas de aprendizagem social e emocional, baseados na escola, e que envolveram 270 034 alunos desde o Jardim de Infância até à escola secundária. Comparativamente ao grupo de controlo, os participantes destes programas revelaram 11% de melhoria no desempenho em testes, 25% de melhoria nas competências sociais e emocionais, 10% de diminuição na indisciplina na sala de aula, na ansiedade e depressão. Estes efeitos duraram até pelo menos seis meses depois da intervenção.

Uma revisão de programas de prevenção e de promoção da saúde mental infantil, com base na escola e que envolviam a aprendizagem de competências sociais e de autorregulação com o objetivo de reduzir problemas de comportamento, como o uso de substâncias, demonstrou que este tipo de intervenção tem um custo baixo, mas origina retornos económicos elevados. O custo por aluno varia entre $8 – 29 (€7,83 – €25,68) (em valores de 2003), mas os benefícios por aluno variam entre $204 – 746 (€180,62 – €660,51). Dois dos programas revistos significavam um retorno de $2 (€1,77) por cada dólar (€0,89) investido, um terceiro programa significa um retorno de $45 (€39,84) por dólar (€0,89) investido.

Sabemos ainda que os programas para crianças tornam-se progressivamente mais custo-efetivos ao longo do tempo, parcialmente devido ao facto dos benefícios monetários aumentarem dramaticamente à medida que os participantes entram na vida ativa. Schweinhart et al. calcularam o benefício de um programa dirigido a crianças de 3 anos para melhorar o seu desenvolvimento cognitivo e social. Quando essas crianças atingiram os 40 anos de idade, os benefícios por participante no programa foi estimado em $258,888 (€190,500). Deste valor, $63,267 (€46,540) corresponderiam a salários mais elevados enquanto adultos. A maior parte dos benefícios estavam relacionados com o sistema de justiça e constituíram poupanças para os contribuintes.

Podemos concluir, das evidências científicas disponíveis, que o contexto educativo se afigura como um contexto de excelência para implementar estratégias de prevenção e promoção da saúde mental dirigidas a crianças e jovens, sendo que estas estratégias têm um potencial de custo-efetividade muito grande, que justifica o investimento. Desta forma, o investimento no sector da saúde mental através da aposta na intervenção psicológica de promoção da saúde mental em contexto educativo permite reduzir e poupar custos.

Contexto e Desafios

Este site pretende oferecer conteúdos dinâmicos e informados de acordo com as evidências científicas mais recentes, pelo que será regularmente atualizado.

As crianças e jovens constituem uma das áreas prioritárias de intervenção no contexto político europeu. A OMS declarou que a saúde mental das crianças e jovens é uma área-chave para a qual os profissionais e decisores políticos devem dirigir a sua atenção e preocupações. O Pacto Europeu para a Saúde Mental e Bem-Estar apela a que os Estados Membros da União Europeia intervenham em cinco áreas prioritárias, sendo uma das quais a Saúde Mental na Juventude e Educação. O mesmo acontece a nível nacional. O Plano Nacional para a Saúde Mental privilegia um conjunto de estratégias de prevenção e promoção da saúde mental, entre as quais, programas de educação sobre saúde mental na idade escolar, prevenção da violência e do abuso de drogas ou programas de desenvolvimento pessoal e social. O Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil também inclui como uma das principais linhas de atuação o investimento na prevenção das perturbações emocionais e do comportamento.

Estes programas e planos existem porque e apesar de existir um número cada vez maior de crianças e adolescentes que experienciam dificuldades em responder aos desafios desenvolvimentais que enfrentam e que sofrem os efeitos negativos das perturbações mentais. A prevalência das perturbações mentais entre as crianças e adolescentes aumentou nos últimos 20 a 30 anos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em todo o mundo, cerca de 20% das crianças e adolescentes sofrem de problemas comportamentais, desenvolvimentais ou emocionais, sendo que 1 em cada 8 apresenta uma perturbação mental. Fazendo a tradução desta prevalência para a sala de aula e assumindo uma sala de aula “média” com 30 alunos, 6 alunos em cada turma apresentarão uma perturbação mental.

Segundo a Academia Americana de Psiquiatria da Infância e da Adolescência e a OMS-Região Europeia, uma em cada cinco crianças apresenta evidência de problemas de saúde mental. Em Portugal, sabemos que entre os 5 e os 14 anos, o maior peso da doença na qualidade de vida se deve às perturbações mentais e comportamentais (22% do total de DALY associados às doenças não transmissíveis).

Os resultados mais recentes do estudo sobre adolescência da Organização Mundial de Saúde, Health Behaviour in School-aged Children, envolvendo 6000 adolescentes portugueses, revelam um preocupante decréscimo global da saúde mental e física dos adolescentes comparativamente com anos anteriores. Portugal surge com a 33.ª pior posição: só 11% dos rapazes e 14% das raparigas de 15 anos dizem que gostam bastante da escola.  Existem também sintomas que revelavam mal-estar psicológico, tristeza, stresse e insatisfação

Para além das crianças com um diagnóstico de perturbação mental, existem muitas outras crianças que evidenciam problemas de comportamento embora estejam abaixo dos limites do diagnóstico clínico, mas que apresentam igualmente maior probabilidade de sofrer dificuldades persistentes ao nível da saúde mental, baixo desempenho escolar, salários baixos, gravidez precoce, problemas relacionais, assim como maior probabilidade de se envolverem em comportamentos delinquentes e atividades criminosas no futuro.

As perturbações mentais na infância podem ter níveis elevados de persistência: 25% das crianças com uma perturbação emocional diagnosticável e 43% com uma perturbação do comportamento diagnosticável continuam a apresentar a perturbação ao fim de três anos; os jovens que experienciam ansiedade na infância têm 3,5 vezes mais probabilidade de sofrer de depressão ou perturbações da ansiedade na idade adulta.

Os problemas de saúde mental na infância e na adolescência constituem ainda um dos principais preditores dos problemas de saúde mental na idade adulta: cerca de metade das doenças mentais tiveram início antes dos 14 anos de idade. A maior parte das doenças mentais manifestam-se geralmente antes dos 24 anos de idade. Newman et al. concluíram que 73,8% dos jovens com 21 anos de idade e uma perturbação mental tinham uma história de doença mental no seu desenvolvimento. Offord et al. demonstraram que 61,3% das crianças entre os 8 e os 12 anos com um diagnóstico de perturbação do comportamento tinham tido pelo menos uma de três doenças mentais nos quatro anos anteriores.

A taxa de prevalência elevada da perturbação mental infantil torna os problemas de saúde mental das crianças e adolescentes mais visíveis em diferentes sectores – saúde, educação, justiça e segurança social.

Sabemos que a falta de saúde mental pode aumentar o risco de delinquência, problemas com a justiça, perturbações de abuso de substâncias e gravidez adolescente. Os problemas de saúde mental podem ter efeitos muito prejudiciais no desenvolvimento social, intelectual e emocional das crianças e jovens e, consequentemente, no seu futuro. Em última instância, podem levar à perda de vida. O suicídio é uma das principais causas de morte nos jovens e uma preocupação de saúde pública em muitos países europeus.

Para além destas problemáticas, a prevalência das doenças mentais entre os jovens é preocupante dado o seu potencial impacto no desempenho escolar. Por exemplo, os jovens com perturbação mental estão em risco de apresentarem problemas disciplinares, absentismo, retenção escolar, más notas, abandono escolar e/ou delinquência.

Os problemas de saúde psicológica entre crianças e adolescentes traduzem-se ainda num impacto económico incomensurável. Só na Europa, em 2010, o custo anual das perturbações da infância e adolescência foi de 21,3 biliões de euros.

Esta realidade exige um aumento da capacidade de resposta e o desenvolvimento de novas formas eficazes para servir as necessidades destas crianças e jovens o mais precocemente possível. A Coordenação Nacional para a Saúde Mental – CNSM, com base no documento da Rede Europeia para a Promoção da Saúde Mental e a Prevenção das Perturbações Mentais, definiu como linha privilegiada de prevenção a implementação de programas de educação escolar para a saúde mental, nomeadamente os programas de desenvolvimento de competências pessoais e sociais.

É necessário que as escolas adotem uma abordagem mais compreensiva e holística na qual a promoção da saúde mental opera de modo consistente ao longo do currículo, do ambiente escolar e dos serviços escolares, sendo integrada em programas e estruturas dentro da escola.

A missão das escolas é educar os alunos para se transformarem em cidadãos responsáveis e competentes. Por isso, as escolas asseguram o domínio de capacidades de leitura, escrita, matemática e ciência, tal como promovem uma boa compreensão da história, literatura, arte, línguas estrangeiras e diversas culturas. Contudo, a agenda educativa e a escola bem-sucedida também é aquela que inclui a promoção das competências sociais e emocionais dos jovens, da sua saúde mental enquanto fundamentos da personalidade saudável e do envolvimento cívico.

O bem estar e a saúde mental são condições essenciais para uma aprendizagem bem sucedida e só podem ser desenvolvidas em cooperação com as escolas. Por outro lado, os resultados académicos contribuem para a saúde, em geral, e para a saúde mental, em particular. O bem-estar mental suporta uma aprendizagem bem sucedida e esta também suporta o bem-estar mental. Se as escolas quiserem atingir resultados educacionais positivos, é fundamental que a promoção de uma saúde mental positiva seja uma parte integral do ethos escolar.

Deste modo, promovendo a saúde psicológica e o sucesso educativo, as escolas podem desempenhar um papel positivo e protetor das crianças e adolescentes:

  • Criam resiliência, proporcionando às crianças e jovens os recursos internos para lidar com os stressores negativos e ultrapassar desafios e dificuldades. As escolas podem reforçar o “sistema imunitário” das crianças ao criarem ambientes que promovam o bem-estar e ofereçam apoio e orientação;
  • Contribuem para o desenvolvimento positivo dos jovens numa variedade de domínios, incluindo aumento da satisfação com a escola e a vida, o envolvimento com a escola e a qualidade de vida;
  • Melhoram a regulação emocional, as estratégias de coping e de resolução de problemas; melhoram a empatia e o ajustamento psicológico; diminuem o bullying e a agressão;
  • Aumentam o compromisso e o envolvimento com a escola – as crianças investem mais esforço no trabalho escolar e melhoram as suas atitudes face à escola; melhoram o desempenho escolar e diminuem o absentismo;
  • Aumentam o bem-estar dos jovens, das suas famílias e comunidades;
  • Oferecem oportunidades para a procura de ajuda – as evidências sugerem que é mais provável que as crianças e os adolescentes procurem ajuda quando nas suas escolas existem oportunidade de aconselhamento psicológico, onde impera a confidencialidade e o anonimato;
  • Reduzem os problemas de aprendizagem e os problemas disciplinares, o bullying e a violência dentro e fora da escola, os problemas emocionais (como a depressão e a ansiedade), o tabagismo, o abuso de álcool e de substâncias, assim como os comportamentos de risco para a saúde e as experiências sexuais precoces;;
  • Favorecem positivamente as perspectivas de futuro no que diz respeito a empregabilidade, produtividade e perspetivas salariais, integração social e relacionamento interpessoal;
  • Diminuem o impacto económico da falta de saúde mental. As crianças pouco saudáveis e bem-sucedidas do ponto de vista social e emocional têm menor probabilidade de se tornarem cidadãs ativas e economicamente produtivas enquanto adultas. Investir no bem-estar mental da geração seguinte, em última instância, também se pode traduzir em benefícios e poupanças económicas para os contribuintes;

A escola enfrenta, assim, o grande desafio de, por um lado, lidar com um conjunto de problemas de comportamentos e de saúde (mental e física), e por outro, assumir um papel importante na promoção do bem-estar das crianças e jovens e das suas competências sócio emocionais.

PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE PSICOLÓGICA E DO SUCESSO EDUCATIVO

Envolvimento de Famílias Vulneráveis

É muito importante que a escola atenda aos pais mais vulneráveis e procure quebrar o afastamento destas famílias em relação à escola, sobretudo quando são precisamente as suas crianças que mais poderão beneficiar do maior envolvimento dos pais na escola.

Famílias desfavorecidas do ponto de vista socioeconómico e educacional, “difíceis de alcançar” ou “multiproblemáticas” estão menos envolvidas na escola devido a horários pouco flexíveis, falta de recursos, preocupações com a sobrevivência, perceção de pouca competência para apoiar os filhos na escola e memórias pouco positivas da sua experiência escolar enquanto estudantes. As escolas devem ter em conta estes obstáculos e procurar ultrapassá-los com horários flexíveis de atendimento, abordagens positivas de aproximação às famílias, com uma linguagem clara e acessível, sem comentários depreciativos, e recorrendo ao melhor canal de comunicação para ultrapassar dificuldades de agendamento presencial.

Um primeiro nível pode passar por apoiar as famílias no cumprimento das suas funções básicas. Algumas famílias com filhos na escola necessitam de ajuda para compreender os comportamentos e as necessidades dos filhos em determinados períodos de desenvolvimento, bem como para desenvolver práticas educativas adequadas. Um conjunto de condições básicas ao nível do sono, alimentação, higiene, segurança, saúde, utilização das tecnologias, de colaboração entre pai e mãe, independentemente do estatuto conjugal, constituem requisitos básicos para a aprendizagem. A formação de pais, o aconselhamento parental e a informação escrita são algumas estratégias que os Psicólogos escolares utilizam para apoiar as famílias. Quando se verificam situações de demissão parental ou de negligência grave, os pais são muitas vezes encaminhados para outros técnicos e serviços da comunidade.

Apoio à Parentalidade

A educação parental surge da necessidade de apoiar os pais na sua função, dos direitos das crianças, das responsabilidades e obrigações que daí resultam e dos seus próprios direitos e deveres como progenitores. Procura, por sua vez, promover processos de mudança cognitiva, afetiva e comportamental nos pais, constituindo um recurso importante para a promoção de uma parentalidade positiva e do desenvolvimento dos filhos.

O apoio à parentalidade é uma preocupação importante, no contexto da intervenção psicossocial junto da família, e desafia diversas instituições da comunidade com responsabilidade social a este nível, e os seus profissionais, para novas exigências de intervenção comunitária com este público-alvo. Não se trata de intervir apenas em lógicas assistenciais, em modalidades de apoio social ou económico, mas de promover a parentalidade e o desenvolvimento de competências parentais, de modo a que os pais se sintam mais capazes de gerar um bom ambiente familiar nas suas casas, de se assumirem como agentes educativos e modelos de referência para os filhos.

Este trabalho de educação e formação parental deve promover a agência, a capacitação e o empoderamento dos pais, ao permitir-lhes identificar as suas potencialidades e assim potenciar os processos de mudança, em que são agentes, aumentando o seu compromisso, implicação e envolvimento. Os programas que se baseiam num modelo experiencial são mais favoráveis para alcançar este objetivo, pois procuram integrar as diferentes experiências parentais, libertando-as de sentimentos de culpa, frustração, dependência ou incompetência parental. A informação não se centra no “deve ser” ou em técnicas específicas de controlo do comportamento dos filhos, pelo contrário, ao partir do vivido no quotidiano familiar, facilita-se a reflexão e análise das crenças das figuras parentais, favorecendo a criação de compromissos para a mudança. Os pais sentem-se valorizados por ser tida em conta a sua opinião, e experimentam-se enquanto agentes ativos e impulsionadores das suas próprias mudanças.

Destaca-se neste âmbito o importante papel que os Psicólogos, individualmente, mas também em equipas de trabalho com outros profissionais, têm vindo a exercer, partindo dos conhecimentos e competências inerentes à sua formação técnica, à sua experiência profissional e a pressupostos éticos que orientam a sua prática. Os Psicólogos, com formação especializada neste domínio, têm vindo a afirmar-se cada vez mais como uma mais-valia na conceção, implementação e avaliação de programas de educação parental, de inspiração psicoeducativa, com referência a teorias do desenvolvimento humano.

Comunicação Escola/Família/Comunidade

A comunicação entre a Escola e as Famílias constitui o ingrediente básico para o envolvimento parental na escola. Quando esta comunicação é eficaz, os Pais tendem, com maior probabilidade, a confiar e a cooperar com os Professores e com a Escola, a melhorar as interações com a Escola, a perceber a Escola e os Professores de modo mais positivo, a compreender melhor as politicas da Escola e as ações dos Professores e a acompanhar melhor os progressos da criança.

A escola deve promover a comunicação com as Famílias, disponibilizando canais de comunicação diversos, de modo a alcançar todas as Famílias (ex. reuniões com encarregados de educação, telefonemas, caderneta, e-mail) e a garantir tempo de interação entre os Pais e os profissionais da escola. Deve inclusive promover o desenvolvimento das famílias, através de oportunidades de formação e programas de educação parental, que tenham em conta as necessidades particulares dos alunos e das suas famílias e a realidade sociocultural em que estão inseridas, proporcionadas por técnicos especializados, onde se incluem os Psicólogos.

A comunicação da Escola com a Família não deve ser exclusivamente centrada nas dificuldades do aluno na escola, a nível do comportamento e aprendizagem, mas deve também constituir um momento de partilha e clarificação do Projeto Educativo da escola. As reuniões individuais podem fornecer elementos acerca dos progressos e dificuldades do aluno, mas também do potencial das famílias e de como estas podem apoiar os filhos na resposta às suas necessidades ou a ultrapassar dificuldades mais específicas.

A escola deve garantir que as famílias compreendem os objetivos, o currículo e os objetivos sociais da escolarização (por exemplo, através do envio de newsletters com linguagem clara e oportunidades de feedback; criação de um manual de informação para os pais com a missão, objetivos, políticas, regras da escola; sessões de perguntas e respostas sobre as políticas escolares).

A escola deve envolver os Pais e facilitar a sua participação nos processos de tomada de decisão da escola (por exemplo, assegurar a participação de representantes dos pais nas reuniões, constituir equipas de pais para transformação da escola numa Escola Saudávelmente).

Os pais podem ser envolvidos em atividades promovidas pela escola no espaço escolar. As famílias podem ser convidadas a participar nos tradicionais dias comemorativos (por exemplo, no dia do Pai) mas participar também na melhoria do espaço escolar, na supervisão dos recreios, no apoio à biblioteca e salas de estudo, na organização de tempos livres. Estas ações pressupõem conhecimento pela escola da disponibilidade e competências das famílias e, muitas vezes, a formação dos pais para funções específicas a desempenhar na escola.

Os pais são fundamentais na aprendizagem e no progresso académico dos seus filhos. Neste sentido, é essencial que o professor informe os pais sobre as competências que a criança deve adquirir nos vários momentos da aprendizagem e de como se podem envolver em ações de aprendizagem articuladas com o trabalho do Professor na sala de aula. O professor pode por exemplo, semanalmente, comunicar aos pais os seus objetivos de aprendizagem, apoiando-os a monitorizar e a encorajar trabalhos para casa, por exemplo, de interação positiva com os pais.

A escola pode também apoiar os pais no desenvolvimento de condições que permitam a aprendizagem em casa. Por exemplo, organizando formações, workshops ou newsletters sobre temas relacionados com o sucesso educativo – literacia, trabalhos de casa, transições e percursos escolares, entre outros temas pertinentes.

Em anos de transição escolar, surgem níveis de ansiedade consideráveis em algumas crianças, que se associam com frequência a mudanças de estabelecimento de ensino e/ou de ciclo, que se traduzem por vezes em diminuição significativa no desempenho escolar. É importante prevenir na transição do 1º para o 2º ciclo de estudos, a dificuldade em responder adequadamente às exigências e tarefas escolares, através por exemplo do desenvolvimento de competências de gestão do tempo e de competências de estudo; ou prevenir a vitimização de alunos mais novos pelos alunos mais velhos, por exemplo, através de uma boa monitorização dos recreios. Estas transições traduzem períodos de maior vulnerabilidade, correspondendo também a mudanças desenvolvimentais significativas (por exemplo, o 5º ano de escolaridade e o aparecimento da puberdade). Importa que as famílias sejam apoiadas a compreender estas tarefas desenvolvimentais e necessidades e a encontrar respostas favoráveis a cada situação.

A representação dos pais nos órgãos de decisão da escola consiste numa estratégia de envolvimento dos pais com carácter mais alargado. A representação dos pais nos conselhos gerais ou nas turmas, por exemplo, está prevista na legislação em vigor. Contudo, os pais podem ainda organizar-se através de associações de pais ou de grupos de reflexão para a resolução de problemas e melhoria da vida escolar. As escolas devem ajudar a manter as associações de pais ativas, procurando incentivar à participação pais de diferentes grupos socioeconómicos ou profissionais, facilitando a cedência de instalações e de encontros com as equipas diretivas das escolas.

O envolvimento da comunidade é também importante. As famílias e os alunos podem ser informados acerca dos recursos existentes na comunidade bem como acerca de atividades recreativas e de ocupação de tempos livres, acontecimentos culturais, serviços de saúde, serviços sociais. A colaboração em rede de diferentes instituições pode ser importante para desenvolver atividades de formação/sensibilização aos pais e aos alunos, disponibilizar recursos que satisfaçam necessidades da escola e promover a integração e transição de alunos para instituições de ensino ou de trabalho.

Parcerias Escola-Família

Os Pais são indubitavelmente os que mais e melhor conhecem os seus filhos, bem como aqueles que, pelo poder implícito da relação de vinculação significativa, mais influência têm no seu desenvolvimento e na facilitação das mudanças desejadas ou necessárias.

As Famílias devem ser encaradas como experts e como um recurso, na medida em que providenciam uma visão compreensiva da história de vida dos seus filhos, oferecem novas perspetivas sobre eles, e são também aliados fundamentais nos processos de intervenção. Aceder à perceção dos pais acerca do bem-estar psicológico dos seus filhos é um input importante na compreensão dos seus comportamentos e emoções.

Também o Psicólogo Escolar se deve assumir como um expert e um recurso da comunidade educativa, que toma em consideração as vivências de todos os aspetos da vida dos alunos, nos contextos escolar e familiar, através do desenvolvimento de estratégias e programas concretos de envolvimento das famílias, com vista a alcançar resultados positivos, não só ao nível do desempenho académico mas do desenvolvimento integral das crianças e jovens.

Torna-se fundamental que o Psicólogo explore formas diferentes e alternativas de manter o contacto das Famílias com a Escola e da Escola com as Famílias, sobretudo quando estas estão relutantes ou tiveram experiências passadas negativas ou de menor participação.

O que nos diz a investigação?

  • O envolvimento Família/Escola promove um clima global escolar positivo.
  • Os Psicólogos escolares facilitam o estabelecimento de laços fortes entre os profissionais da escola e as famílias.
  • Ter as famílias mais envolvidas com a Escola gera mais cooperação entre alunos.
  • As crianças cujos pais estão mais envolvidos na sua educação apresentam melhores níveis de assiduidade escolar, de concretização dos TPC’s e das tarefas escolares e de desempenho escolar.
  • As Famílias mais envolvidas facilitam o funcionamento cognitivo e socioemocional das crianças, bem como o aumento da sua autoestima, melhorias no comportamento e atitudes mais positivas face à escola.
  • Os adolescentes estão menos predispostos ao envolvimento com comportamentos de risco quando percebem uma forte ligação entre a sua família e a Escola.
  • A cooperação Escola/Família prevê a generalização das estratégias de intervenção por parte dos jovens e das famílias.
  • Por comparação com as intervenções individuais, as intervenções que envolvem o apoio das famílias estão associadas a uma redução dos problemas de comportamento das crianças.
  • As famílias envolvidas no desenvolvimento de planos de intervenção reportam níveis mais elevados de autoeficácia, o que por sua vez se relaciona com um maior investimento no processo de intervenção, reduzindo o tempo despendido no mesmo.
  • As famílias mais envolvidas reportam níveis mais elevados de autoestima, o que se traduz numa modelagem mais positiva para os seus filhos.
  • Procurar feedback junto das famílias faz com que estas sintam uma melhor resposta às necessidades dos seus filhos.
  • Integrar o feedback das famílias no processo de intervenção cria um sentido de responsabilidade partilhada acerca do bem-estar dos seus filhos e aumenta a probabilidade de concretização dos objetivos de intervenção.

Através da consultadoria colaborativa e do aconselhamento psicológico e psicopedagógico com Pais, o Psicólogo escolar ajuda a promover o bem-estar psicológico, o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos, bem como um clima escolar positivo. Muitas vezes assume um papel de liderança na promoção da colaboração com a comunidade e na organização e coordenação dos diferentes recursos desta.

Alguns exemplos de como os Psicólogos, em colaboração com os restantes profissionais da Escola, podem favorecer o envolvimento da Família e da Comunidade:

  • Desenho, implementação e avaliação de programas e atividades de apoio às Famílias, tais como a formação para Pais e treino de competências parentais, por exemplo nas áreas de desenvolvimento socioemocional, gestão do comportamento e disciplina e competências de estudo.
  • Apoio na compreensão das regras e procedimentos da Escola, e apoio no âmbito das reuniões relativas a necessidades específicas ou de educação especial e das reuniões Pais/Professores.
  • Participação em reuniões de Pais, facilitação de interações positivas entre os Pais e os diferentes membros não docentes, apoiando na resolução de problemas e de conflitos.
  • Colaboração efetiva com Pais e organismos da comunidade, para facilitar a comunicação com a Escola, usando como recurso o conhecimento e os saberes técnicos da Psicologia, do Desenvolvimento e da Educação.
  • Desenvolvimento de esforços integrados para responder às diferentes necessidades da comunidade escolar.

Os Psicólogos, em conjunto com os Professores e outros profissionais da Escola, cultivam o envolvimento das famílias de formas muito diversas, assim como as famílias se envolvem em diferentes graus e com níveis de eficácia distintos.

As parcerias Escola/Família mais bem-sucedidas são normalmente as mais flexíveis e diversificadas nas suas estratégias, as que refletem e integram as necessidades e as características da respetiva comunidade escolar.

A natureza destas parcerias modifica ao longo do espectro do desenvolvimento e do nível de escolaridade da criança ou jovem mas os níveis apropriados e efetivos de comunicação e de envolvimento continuam a ser os fatores críticos fundamentais no progresso escolar e na saúde e bem-estar psicológico dos alunos.

Na realidade, a literatura científica e os estudos empíricos tendem a encontrar 3 pontos comuns a este envolvimento e parceria Escola/Família:

  1. As estratégias de parceria Escola-Família, que surgem como significativamente relevantes na promoção da aprendizagem e do sucesso escolar das crianças e jovens.
  2. A importância da comunicação Pais/Professores.
  3. As perceções dos Pais acerca do seu envolvimento com a Escola e dos esforços por esta evidenciados nesse sentido, influenciam o nível de participação dos Pais na educação dos seus filhos.

Por seu turno, nas diferentes iniciativas de desenvolvimento de programas de envolvimento Família/Escola, o Psicólogo escolar deve prever 3 tipos de atividades e estratégias determinantes ao sucesso desta parceria:

  1. Comunicação Escola/Família, numa dupla via: o Psicólogo escolar deve usar de flexibilidade, de criatividade e de sensibilidade para perceber o que funciona para diferentes famílias (por exemplo, algumas famílias podem preferir comunicar via eletrónica, mas outras podem não ter acesso a computador).
  1. Envolvimento da Família em casa: o Psicólogo escolar pode apoiar as famílias a organizar o respetivo contexto e ambiente familiar, e a desenvolver estratégias e atividades no sentido de reforçar e estender ao contexto familiar a aprendizagem dos alunos (por exemplo, comunicação com os filhos sobre a escola; organização de materiais, recursos e estratégias cognitivamente estimulantes; envolvimento ativo na leitura; orientação dos TPC’s ou de outras atividades de aprendizagem interativas).
  1. Envolvimento da Família na Escola: o Psicólogo escolar pode encorajar as famílias a participar na sala de aula e em atividades e eventos da Escola, como voluntários, participantes ou membros de comissões ou outras representações nos órgãos de gestão e de liderança.

Os programas de promoção do desenvolvimento socioemocional são um exemplo do reforço da complementaridade de papéis educadores/famílias e aumentam as oportunidades de aprendizagem. O conjunto de competências sociais, emocionais ou académicas dos alunos são melhor estimulados se existirem redes de apoio e de reforço mútuos, pois as competências socioemocionais desenvolvem-se de cada vez que a criança interage com os seus pais, pares, professores ou outros.

Por sua vez, as ações do Psicólogo escolar para promover a literacia e as competências socioemocionais de Pais e Professores empodera-os no sentido de modelarem de forma efetiva as competências que as crianças necessitam de aprender.

O clima de aprendizagem e o clima emocional dos contextos familiar e escolar melhoram então substancialmente à medida que forem promovidas e desenvolvidas as diferentes competências socioemocionais.

Se as estratégias usadas por Pais e Professores forem semelhantes, a transição Família/Escola é facilitada, bem como a consistência e a sistematicidade no que respeita aos comportamentos esperados, melhorando simultaneamente a relação entre as crianças e os jovens e os seus Pais, Professores, irmãos e pares.

Em suma, os esforços efetivos para a promoção da comunicação e do envolvimento Família/Escola assentam em 4 ingredientes chave:

  1. Comunicação centrada na criança: comunicação que tende a envolver os Pais de forma personalizada e individualizada, com recurso a práticas educativas diferenciadas.
  1. Comunicação construtiva: comunicação assente em informação significativa e útil que disponibiliza às Famílias sugestões e orientações práticas.
  1. Guidelines e estratégias claras e concretas: benéficas para as famílias no apoio à aprendizagem dos seus filhos.
  1. Comunicação e feedback contínuos: mantém as famílias informadas e sincronizadas com as práticas e políticas da sala de aula, com o desempenho e com as competências desenvolvidas pelos seus filhos.

PROMOÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA E DA COMUNIDADE

Funções e Atividades

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  1. Desenvolvimento, implementação, monitorização e avaliação de programas e planos de prevenção de problemas educativos e de Saúde Psicológica, dirigidos a indivíduos, grupos ou instituições.

O Psicólogo da Educação intervém propondo a introdução de modificações do contexto educativo, familiar e social que evitem o aparecimento ou atenuem fatores de risco para o desenvolvimento pessoal, relacional, educativo e social. Os projetos de prevenção podem incluir ações específicas para a prevenção de problemas educativos concretos (como as dificuldades de adaptação ao contexto, a deteção precoce de necessidades especiais, o absentismo e abandono escolar ou profissional, o insucesso académico ou profissional ou o bullying e violência) ou para permitirem que os estudantes, profissionais ou utentes adquiram progressivamente maior autonomia e competência para gerirem as exigências das atividades diárias.

  1. Desenvolvimento, implementação, monitorização e avaliação de programas e planos de promoção do sucesso educativo e da Saúde Psicológica

Os Psicólogos da Educação identificam os aspetos do ambiente educativo e institucional, bem como os fatores cognitivos, emocionais, comportamentais e sociais que facilitam o desenvolvimento e a aprendizagem, utilizando esta informação para promover competências específicas, resultados académicos de estudantes e formandos, a motivação e o envolvimento com os contextos. Para além disso, reconhecem ainda a influência de outros fatores de proteção que melhoram não só a aprendizagem, mas também o bem-estar e a Saúde Psicológica. Nesse sentido, desenvolvem projetos de promoção da Saúde (Física e Psicológica), da resiliência, das competências socioemocionais e do relacionamento interpessoal.

  1. Intervenção em Necessidades Educativas Especiais

Os Psicólogos da Educação participam na avaliação do desenvolvimento e das necessidades educativas desde as primeiras fases da vida e ao longo de todo o ciclo de vida das pessoas, com o objetivo de detetar, intervir e prevenir os efeitos socioeducativos das incapacidades funcionais, psíquicas e sociais. Juntamente com outros profissionais colaboram nos processos de identificação e implementação de respostas específicas e diferenciadas para estudantes e utentes com necessidades educativas especiais. Para além disso, prestam serviços de aconselhamento a docentes e técnicos, na realização de adequações curriculares ou de projetos de vida, diversificação dos procedimentos e respeito pela diversidade; e intervêm junto das famílias, facilitando a relação com a instituição e promovendo o conhecimento e a compreensão das necessidades específicas em causa.

  1. Desenvolvimento Vocacional e de Carreira

Os Psicólogos da Educação promovem e participam na organização, planificação, desenvolvimento e orientação dos processos de desenvolvimento vocacional e de carreira: implementam estratégias de desenvolvimento de competências de autoconhecimento e clarificação dos projetos pessoais, vocacionais e profissionais; disponibilizam informação e ajudam os indivíduos nos processos de tomada de decisão perante diferentes oportunidades educativas e/ou profissionais: escolhas iniciais, desemprego ou reconversão profissional; construção de planos de carreira; (re)inserção na vida ativa; tarefas de vida diária.

  1. Promoção Cognitiva, Promoção do Envelhecimento Ativo e Prevenção do Declínio Intelectual

Tendo em conta o seu conhecimento científico sobre os aspetos cognitivos do envelhecimento e o impacto psicológico e social do processo de envelhecer, em contextos educativos não formais (como Universidades Seniores, Lares de Terceira Idade e outras instituições que trabalham com pessoas idosas), os Psicólogos da Educação podem contribuir para um envelhecimento ativo e uma melhoria da qualidade de vida. Especificamente, os Psicólogos podem desenvolver programas de estimulação cognitiva e/ou socioemocional, que permitam a cada pessoa idosa otimizar as suas capacidades e atingir o seu potencial máximo durante a velhice.

  1. Educação para a Literacia em Saúde Psicológica

A literacia em Saúde diz respeito à forma como os indivíduos compreendem informação acerca da saúde (física e psicológica) e dos cuidados de saúde e de como a aplicam às suas vidas, utilizando-a para tomar decisões. Os Psicólogos da Educação, em qualquer contexto, podem desenvolver estratégias de Educação para a Saúde. Por exemplo, podem contribuir para a incorporação de informação sobre Saúde e Higiene Mental, correta e adequada do ponto de vista desenvolvimental ou realizar campanhas de divulgação de informação sobre Saúde, dirigidas aos contextos escolares, locais de trabalho ou outras instituições.

  1. Coordenação e Gestão de Projetos

Os Psicólogos da Educação podem contribuir para a dinamização de projetos e instituições e do seu potencial de recursos, assim como para a construção de fluxos e redes sociais de apoio na comunidade educativa ou para a adaptação dos projetos às necessidades particulares de cada instituição. As competências de comunicação interpessoal e de trabalho em equipa, de planeamento e avaliação das intervenções, e de resolução de problemas, tornam os profissionais de Psicologia uma mais-valia para este tipo de função.

  1. Intervenção em situações de Crise e Emergência

Os Psicólogos da Educação estão preparados para trabalhar, em conjunto com outros Agentes Educativos, estudantes, encarregados de educação, famílias, técnicos e a comunidade em geral, em situações de crise como suicídios, homicídios, desastres naturais, bombas ou ameaças de bombas, violência, terrorismo, abuso sexual, entre outras.

A intervenção dos Psicólogos da Educação traz benefícios únicos. Só com base em competências de comunicação interpessoal e trabalho em equipa, e em competências específicas de promoção, prevenção e intervenção na aprendizagem, saúde psicológica e integração social é possível responder de forma correta às necessidades de indivíduos, famílias, grupos e instituições, reduzindo os fatores de risco e aumentando os respetivos fatores de proteção e resiliência.

Formação

A difusão do conhecimento da Psicologia da Educação entre outros profissionais da educação e nos grupos sociais, instituições e entidades implicadas em processos educativos, constitui um papel importante deste profissional no exercício de ações de formação.

  • Colaborar, desenvolver e implementar ações de formação, educação ou sensibilização dirigidas aos vários intervenientes nas instituições (por exemplo, docentes, discentes e outros agentes educativos, técnicos, grupos de profissionais (ex: de saúde), órgãos de gestão, pais ou outros familiares). Ao nível da Formação, os Psicólogo têm funções que vão desde a identificação e valorização da necessidade de formação ao desenho e elaboração de programas formativos e de desenvolvimento pessoal e profissional, assim como a implementação e avaliação desses programas e da sua eficácia.
  • Organizar e gerir atividades de formação de profissionais, por solicitação das Instituições.

Os Psicólogos desempenham um papel insubstituível na capacitação das instituições e dos seus elementos. Da mesma forma, são os profissionais indicados para alavancar o desenvolvimento profissional de outros profissionais, sobretudo no que diz respeito às capacidades de comunicação, liderança, trabalho em equipa ou gestão de conflitos, por exemplo.

Consultadoria

  • Consultadoria Colaborativa nos Processos de Pré-Seleção, Avaliação e Orientação de formandos, formadores ou outros recursos humanos, no sentido do emparelhamento e adequação às necessidades educativas da instituição e do desenvolvimento pessoal e profissional dos agentes educativos.
  • Consultadoria Colaborativa no Planeamento Estratégico, Desenvolvimento, Implementação e Avaliação de Políticas e Projetos Educativos, considerando a sua importância e impacto na população. Os Psicólogos da Educação estão capacitados para analisar a realidade educativa e os fatores individuais, sociais e culturais que influenciam os processos educativos. Nesse sentido, podem dar um contributo fundamental na conceção e aplicação de medidas baseadas em evidências teóricas e empíricas, que visem a melhoria dos sistemas educativos e das instituições.

Os conhecimentos teóricos e práticos sobre o funcionamento do comportamento humano e das instituições e o conhecimento das necessidades dos diferentes contextos educativos tornam os Psicólogos da Educação profissionais de referência para a organização dos sistemas educativos, não só do ponto de vista operacional, mas também do ponto de vista consultivo, no apoio à tomada de decisões executivas.

Outras

  • Participação na elaboração de processos de candidatura a financiamentos, nomeadamente no que diz respeito aos fatores humanos, aspetos comportamentais e impacto psicossocial e psicopedagógico dos projetos – aspetos cada vez mais valorizados nestes processos.
  • Elaboração e emissão de opiniões, declarações, pareceres e relatórios técnico-científicos, escritos ou orais, na área da Psicologia da Educação.
  • Coordenação e Supervisão da atividade de outros Psicólogos, Estagiários de Psicologia e Agentes Educativos.
  • Investigação. Realização de estudos científicos com o objetivo de melhorar a atuação e a competência técnica dos Psicólogos da Educação, através do aprofundamento e extensão da teoria e intervenções da Psicologia da Educação e do desenvolvimento de práticas e políticas educativas baseadas em evidências científicas.
  • Articulação com outros serviços e instituições da comunidade. Os Psicólogos da Educação atuam como agentes de mudança a diversos níveis do sistema, facilitando a comunicação e a cooperação entre todos os membros da comunidade, em função de objetivos educativos (Docentes, Agentes Educativos, Técnicos de diferentes áreas de especialização, Famílias, Administradores…). Estabelecem também a articulação com outros serviços e recursos da comunidade (autarquias locais, centros de saúde, IPSS’s, associações, etc.), promovendo as potencialidades da intervenção através da otimização dos recursos existentes.

A multiplicidade de competências e áreas de atuação dos Psicólogos da Educação atribui-lhes valências polifuncionais. Dada a sua compreensão holística da realidade humana e social, o contributo dos Psicólogos da Educação pode ser valioso também noutras áreas e papéis.

Níveis de Intervenção Psicológica

Este site pretende oferecer conteúdos dinâmicos e informados de acordo com as evidências científicas mais recentes, pelo que será regularmente atualizado.

  1. Intervenção psicológica junto da comunidade educativa – Estudantes, Profissionais, Utentes

Esta intervenção pode ser feita individualmente ou em grupo, e diz respeito, entre outros, a problemas de adaptação escolar ou profissional, a perturbações emocionais e do comportamento, a dificuldades de relacionamento interpessoal, a condições crónicas ou situações agudas que influenciam a saúde psicológica, a dificuldades de aprendizagem e/ou do funcionamento cognitivo, ou às transições escolares e/ou profissionais. Os profissionais de Psicologia da Educação estão atentos e são sensíveis à diversidade existente nos contextos educativos (nomeadamente de estudantes, formandos e utentes) designadamente no que respeita ao seu desenvolvimento e aprendizagem, às suas capacidades e fragilidades e às diferenças individuais e sociais (diversidade cultural, socioeconómica, étnica, linguística, de género, etc.). A intervenção psicológica junto de estudantes, formandos e utentes visa essencialmente:

a) O desenvolvimento de competências cognitivas e académicas/profissionais. Os Psicólogos da Educação podem contribuir para a melhoria do desempenho e resultados escolares e profissionais, potenciar a atenção e a concentração de estudantes, formandos e utentes, a sua capacidade de resolução de problemas e competências cognitivas, ajudando-os a tornarem-se progressivamente mais responsáveis pelo seu próprio desenvolvimento e aprendizagem (autorregulação e autonomia).

b) O desenvolvimento de competências sociais e de vida, do bem-estar e da saúde psicológica. Os Psicólogos da Educação são também responsáveis pela conceção e implementação de programas de promoção do bem-estar e da saúde psicológica. Sabendo-se que a saúde e o bem-estar são fundamentais para o sucesso e adaptação aos diferentes contextos de vida (escola, local de trabalho, família, instituição) (e vice-versa), é função dos profissionais de Psicologia da Educação o desenvolvimento de projetos que os promovam – projetos de desenvolvimento de competências socioemocionais, de educação sexual e relacional, de educação alimentar, de educação para a cidadania, etc. É, assim, função dos Psicólogos da Educação contribuir para que o contexto educativo seja um contexto promotor de competências de autonomia, responsabilidade, sentido crítico, resiliência e estratégias de coping, que possibilitem lidar com problemas ou dificuldades de cariz emocional, social ou de comportamento.

  1. Intervenção psicológica junto da comunidade educativa – Pais/Mães, Cônjuges, Famílias

Os Psicólogos da Educação realizam intervenções com o objetivo de melhorar as relações familiares e sociais e a colaboração eficaz entre a família e docentes, estudantes, formadores, formandos, técnicos, utentes, promovendo a participação ativa das famílias na comunidade educativa. Ajudam as famílias a compreender a influência familiar no desenvolvimento, aprendizagem, saúde e bem-estar psicológico, bem como a importância da sua comunicação com os diferentes agentes educativos. Atuam em situações de necessidade de desenvolvimento de competências parentais ou relacionais (por exemplo, através da formação sobre gestão do comportamento e disciplina, métodos de estudo e compreensão das regras e procedimentos escolares, gestão doméstica e financeira, envelhecimento). Os Psicólogos da Educação podem ainda participar em reuniões entre a família e a instituição, no sentido de mediar e facilitar a comunicação e ajudar a resolver conflitos.

  1. Intervenção psicológica junto da comunidade educativa – Docentes, Formadores, Técnicos da Instituição e/ou outros Agentes Educativos

Integrados em equipas multidisciplinares, os Psicólogos da Educação prestam apoio e aconselhamento técnico a docentes, formadores e/ou técnicos da instituição no que diz respeito, por exemplo, à adaptação dos programas curriculares e/ou projetos educativos às características desenvolvimentais, psicossociais e de aprendizagem de estudantes ou utentes; à planificação e organização do contexto educativo; aos métodos de ensino-aprendizagem ou de promoção de outras competências; à aplicação de programas psicoeducativos. Têm um papel formativo e colaboram na formação psicopedagógica permanente dos Agentes Educativos, contribuindo para a atualização dos seus conhecimentos nas áreas desenvolvimentais, cognitivas, afetivas, comportamentais e psicossociais. Os Psicólogos da Educação podem também ajudar docentes e formadores e órgãos de gestão a criarem estratégias para lidar com os riscos psicossociais e fatores de stress decorrentes da sua atividade profissional, de modo a evitar situações de burnout, stress ocupacional, absentismo ou presentismo laboral.

  1. Intervenção psicológica junto da comunidade educativa – Ambiente Educativo

São objeto da intervenção dos Psicólogos da Educação a relação entre os objetivos educativos e o funcionamento das instituições, a melhoria das relações entre as diferentes estruturas das instituições ou a organização dos programas educativos. A este nível, os psicólogos educacionais podem, por exemplo, dar apoio técnico à elaboração e desenvolvimento de projetos educativos de inovação curricular, contribuir para abordagens alternativas à gestão dos diferentes ambientes e espaços educativos, colaborar na implementação de programas de inclusão ou de aplicação de novas tecnologias. Os Psicólogos da Educação podem ainda intervir em condições sociais adversas que ameacem o desenvolvimento saudável das comunidades educativas, como a violência, a delinquência ou o abuso de substâncias, promovendo, simultaneamente, a criação de ambientes de aprendizagem positivos, seguros e saudáveis.