Custo-Efetividade da Prevenção e Promoção da Saúde Psicológica e do Sucesso Educativo
Várias revisões e meta-análises demonstram que a prevenção e a promoção da saúde mental são eficazes na redução dos problemas mentais e sintomas de perturbações mentais, assim como na redução do comportamento agressivo e antissocial (Bor, 2004), no uso de substâncias e no aumento das capacidades de coping de crianças e adolescentes. Confirma-se ainda que os efeitos são estáveis e duradouros.
Weare e Nind analisaram 52 artigos de revisão sobre a efetividade da promoção da saúde mental nas escolas. As intervenções revistas demonstravam ter efeitos significativos nas crianças, nas salas de aula, nas escolas e nas comunidades envolvidas, assim como um impacto claro e positivo na saúde mental, nos problemas mentais, na aprendizagem social e emocional, na violência, no bullying e nos resultados educativos.
Diekstra analisou 19 revisões sobre intervenções com uma abordagem universal e que promoviam aprendizagem social e emocional. A maior parte dos programas revelaram ter um impacto significativo nas competências sociais e emocionais; nas atitudes relativas ao self e aos outros e nas atitudes face à escola, aos testes e às notas. O impacto positivo nos problemas do comportamento foi igualmente significativo, assim como nos problemas emocionais (stress, ansiedade, depressão, ideação suicida).
Durlak et al. realizaram uma meta-análise de 213 programas de aprendizagem social e emocional, baseados na escola, e que envolveram 270 034 alunos desde o Jardim de Infância até à escola secundária. Comparativamente ao grupo de controlo, os participantes destes programas revelaram 11% de melhoria no desempenho em testes, 25% de melhoria nas competências sociais e emocionais, 10% de diminuição na indisciplina na sala de aula, na ansiedade e depressão. Estes efeitos duraram até pelo menos seis meses depois da intervenção.
Uma revisão de programas de prevenção e de promoção da saúde mental infantil, com base na escola e que envolviam a aprendizagem de competências sociais e de autorregulação com o objetivo de reduzir problemas de comportamento, como o uso de substâncias, demonstrou que este tipo de intervenção tem um custo baixo, mas origina retornos económicos elevados. O custo por aluno varia entre $8 – 29 (€7,83 – €25,68) (em valores de 2003), mas os benefícios por aluno variam entre $204 – 746 (€180,62 – €660,51). Dois dos programas revistos significavam um retorno de $2 (€1,77) por cada dólar (€0,89) investido, um terceiro programa significa um retorno de $45 (€39,84) por dólar (€0,89) investido.
Sabemos ainda que os programas para crianças tornam-se progressivamente mais custo-efetivos ao longo do tempo, parcialmente devido ao facto dos benefícios monetários aumentarem dramaticamente à medida que os participantes entram na vida ativa. Schweinhart et al. calcularam o benefício de um programa dirigido a crianças de 3 anos para melhorar o seu desenvolvimento cognitivo e social. Quando essas crianças atingiram os 40 anos de idade, os benefícios por participante no programa foi estimado em $258,888 (€190,500). Deste valor, $63,267 (€46,540) corresponderiam a salários mais elevados enquanto adultos. A maior parte dos benefícios estavam relacionados com o sistema de justiça e constituíram poupanças para os contribuintes.
Podemos concluir, das evidências científicas disponíveis, que o contexto educativo se afigura como um contexto de excelência para implementar estratégias de prevenção e promoção da saúde mental dirigidas a crianças e jovens, sendo que estas estratégias têm um potencial de custo-efetividade muito grande, que justifica o investimento. Desta forma, o investimento no sector da saúde mental através da aposta na intervenção psicológica de promoção da saúde mental em contexto educativo permite reduzir e poupar custos.
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