Automutilação

A automutilação consiste na realização intencional de comportamentos de agressão ao próprio corpo, sem intenção de provocarem a morte. Existem muitos tipos de comportamentos de automutilação, por exemplo, cortar-se (utilizando lâminas, facas ou outros objectos afiados), beliscar-se, esmurrar objectos (como uma parede), queimar-se (utilizando cigarros, fósforos ou velas), arrancar o cabelo ou tentar partir ossos do próprio corpo.

A automutilação afeta menos de 10% dos adolescentes e é mais frequente nas raparigas, embora também aconteça com os rapazes. A automutilação surge quando lidar com a dor física se parece mais fácil do que lidar com a dor e o sofrimento emocional. Normalmente acontece em segredo, sem ninguém saber.

Podemos entender a automutilação como uma forma (não saudável) que alguns adolescentes utilizam para lidar com as emoções quando elas lhes parecem insuportáveis. Para alguns adolescentes que não conseguem exprimir os seus sentimentos de outra forma, a automutilação é vista como uma forma de “pelo menos sentir alguma coisa”, de se libertarem de sentimentos desconfortáveis, de se “castigarem” por se sentirem culpados ou envergonhados, de se sentirem aliviados ou de pararem de pensar/sentir emoções muito negativas (raiva, solidão ou desespero, por exemplo).

O problema é que o “alívio” que sentem é apenas temporário, as suas emoções e as circunstâncias que as causam, permanecem.

Embora a automutilação possa começar por um simples impulso, acaba, muitas vezes, por se tornar um hábito.

Os adolescentes que se auto mutilam não o fazem apenas para “chamar a atenção”. A automutilação é um problema de Saúde Psicológica. E pode estar associada a outros problemas de Saúde Psicológica, como a Depressão ou a Ansiedade.

Alguns sinais podem indicar comportamentos de automutilação:

  • Ter cortes, cicatrizes, queimaduras ou nódoas negras;
  • Apresentar desculpas para os cortes/cicatrizes/queimaduras/nódoas negras;
  • Usar roupa de manga comprida ou calças mesmo com muito calor;
  • Evitar as aulas de Educação Física por ter de trocar de roupa nos balneários em frente a outras pessoas;
  • Comportamento que revela secretismo;
  • Isolar-se dos amigos.

Se identifica comportamentos de automutilação num aluno é fundamental procurar ajuda de um Profissional de Saúde. O Psicólogo da Escola pode ajudar. É muito importante conhecer os sinais que podem indicar comportamentos de automutilação e prestar-lhes atenção – quanto mais cedo os comportamentos de automutilação forem reconhecidos, mais fácil será terminá-los.

Se um aluno falar consigo sobre os seus comportamentos de automutilação é porque confia em si e quer ajuda. Ouça-o sem fazer julgamentos, mostre que se preocupa e não minimize a gravidade da situação (não assuma que é apenas uma fase ou que o aluno conseguirá parar estes comportamentos sozinhos). Encaminhe-o para um Profissional de Saúde, nomeadamente o Psicólogo da Escola.

Procure aprender e ensinar os alunos sobre os comportamentos de automutilação e estratégias saudáveis para lidar com os nossos problemas e emoções negativas. Falar sobre este tipo de assunto é um desafio que implica destruir mitos e eliminar a falta de informação. Ao contrário do que se possa pensar falar sobre automutilação não aumenta o risco de automutilação nem “semeia” essa ideia na cabeça dos adolescentes. Pelo contrário, cria uma oportunidade para oferecer ajuda.