Ansiedade

Todas as pessoas já se sentiram ansiosas. A ansiedade é um sentimento que experimentamos de vez em quando, perante situações em que nos sentimos ameaçados ou stressados. A ansiedade pode ser descrita como uma sensação de preocupação, nervosismo, inquietação ou receio do que poderá acontecer. Por exemplo, perante o pensamento de ir fazer um exame, ir ao hospital ou a uma entrevista de emprego, é comum sentirmo-nos tensos, preocupados, nervosos, termos medo de fazer “figura de parvos” ou duvidarmos da nossa capacidade para sermos bem-sucedidos. Estas preocupações podem afectar o nosso sono, apetite e capacidade de concentração. Mas, se tudo correr bem, a ansiedade desaparece. Este tipo de ansiedade até pode ser positiva e útil, porque nos deixa mais alerta e focados.

No entanto, se os sentimentos de ansiedade nos sobrecarregarem, se o nível de ansiedade for elevado durante longos períodos de tempo, o nosso desempenho pode ser afectado e torna-se mais difícil lidar com a nossa vida quotidiana. Podemos sentir que estamos a ficar sem controlo, que vamos morrer ou enlouquecer.

A ansiedade tem efeitos no nosso corpo e na nossa mente. Do ponto de vista físico, podemos experienciar tensão muscular, dor de cabeça, batimento cardíaco acelerado, náuseas e vómitos, vontade de ir à casa de banho, dificuldade em dormir ou sensação de “borboletas no estômago”. Do ponto de vista psicológico, a ansiedade pode tornar-nos mais receosos, alerta, nervosos, irritáveis, incapazes de relaxar e de nos concentrarmos.

A ansiedade pode afetar o nosso pensamento e as nossas relações com os outros. Podemos pensar muito sobre as coisas que nos acontecem, e pensar de forma irracional, mas sem sermos capazes de parar esses pensamentos. O nosso pensamento tende a ser repetitivo e, muitas vezes, negativo. Podemos ter constantemente medo que aconteça o pior e ficar muito pessimistas. Por exemplo, se um amigo se atrasa para um jantar, podemos começar a ficar preocupados se ele terá tido um acidente ou se não quer a nossa companhia, quando afinal esse amigo pode apenas ter perdido o comboio. Podemos começar a evitar determinados locais, situações ou pessoas, passando menos tempo com os nossos amigos.

Portanto, é normal preocuparmo-nos e sentirmo-nos ansiosos de vez em quando, perante determinadas situações desconhecidas ou desafiantes. Mas quando essas preocupações começam a controlar a nossa vida, se passamos muito tempo a sentirmo-nos preocupados e nervosos, temos dificuldade em fazer a nossa vida do dia-a-dia e em sentirmo-nos felizes, podemos ter um problema de Saúde Psicológica, uma perturbação da Ansiedade.

As perturbações da Ansiedade são dos problemas de Saúde Psicológica mais comuns e afectam pessoas de todas as idades – adultos, adolescentes e crianças. As pessoas respondem à ansiedade de forma diferente, por isso, quando a ansiedade invade as suas vidas, podem experienciar ataques de pânico sem razão aparente, desenvolver uma fobia de sair de casa, isolar-se da sua família e amigos e ter pensamentos obsessivos ou comportamentos compulsivos, como estar constantemente a lavar as mãos.

Muitas vezes, as pessoas com perturbações da Ansiedade nem sabem bem o que está a causar as preocupações e os receios que têm. Os sintomas de uma perturbação da Ansiedade podem aparecer subitamente ou gradualmente. Podem deixar a pessoa a sentir-se confusa, assustada ou sobrecarregada por todas as pequenas coisas. Podem evitar falar das suas preocupações por medo de não serem compreendidas pelos outros ou serem julgadas de forma injusta (por exemplo, serem consideradas fracas ou “medricas”). Podem sentir-se muito sozinhas.

A boa notícia é que existem intervenções eficazes para reduzir e aprender a gerir a nossa ansiedade. Pedir ajuda é o primeiro passo para quebrar o ciclo de medo e insegurança. Um Psicólogo pode realmente ajudar-nos a sentir bem e aprender estratégias para gerir o stresse também.

Os Professores podem estar atentos a alguns sinais de ansiedade nos alunos:

  • Preocupação excessiva com pequenas coisas e dificuldade em explicar essas preocupações;
  • Querer fazer tudo perfeito. Por exemplo, ficar insatisfeito com o trabalho e refazê-lo ou rasgá-lo várias vezes;
  • Relutância em pedir ajuda (a ansiedade pode criar obstáculos que impedem o aluno de pedir ajuda);
  • Dificuldades de concentração;
  • Grande necessidade de aprovação e reforço do Professor;
  • Dificuldade em participar nas actividades da sala de aula;
  • Evitamento dos colegas e das actividades realizadas fora da sala de aula (por exemplo, desporto ou visitas de estudo);
  • Queixas físicas recorrentes (por exemplo, dores de cabeça ou dores de barriga);
  • Medo das situações de teste.

Quando estes sinais são prolongados no tempo e afectam o dia-a-dia da criança ou adolescente é importante procurar ajuda. O Psicólogo da Escola pode ajudar.

Os Professores estão muitas vezes numa óptima posição para ensinar os seus alunos sobre a ansiedade. Para além disso, podem fazer algumas alterações e utilizar algumas estratégias que facilitem a vida aos alunos com ansiedade. Por exemplo (ver mais estratégias em Estratégias para Lidar com a Ansiedade):

  • Disponibilizar mais tempo para mudar de actividade ou de local, uma vez que os momentos de transição podem ser particularmente difíceis para os alunos com ansiedade.
  • Identificar, em conjunto com o aluno, um “lugar seguro” onde ele se possa dirigir quando se sente ansioso, definindo regras para o uso adequado deste local.
  • Ensinar estratégias e técnicas de relaxamento, que possam ser usadas na escola e em casa.
  • Oferecer actividades alternativas que possam “distrair” o aluno dos sintomas físicos de ansiedade.
  • Oferecer apoio na interacção entre pares, encorajando interacções em pequenos grupos.
  • Elogiar os esforços para lidar com a ansiedade.