Défice de Atenção e Hiperactividade
As crianças com Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA) têm dificuldade em concentrar-se e tomar atenção durante muito tempo, distraem-se facilmente, fazem as coisas sem pensar e são demasiado ativas (por exemplo, é-lhes difícil estar sentadas e quietas no mesmo sítio). Também não é fácil para elas seguirem regras ou esperar (por exemplo, podem interromper as conversas ou falar por cima dos outros).
Estes comportamentos são mais frequentes e piores do que aqueles que são habituais nas crianças com a mesma idade. Acontecem em contextos e sítios diferentes: na escola, em casa, no parque infantil ou no supermercado.
Os comportamentos relativos ao défice de atenção incluem sinais como a dificuldade em prestar atenção aos pormenores ou tendência para fazer erros; dificuldade em manter-se focado nas tarefas ou nas brincadeiras; dificuldade em seguir instruções e regras; dificuldades de organização; evitar tarefas que requeiram esforço mental; tendência para perder coisas (cadernos, brinquedos, etc.); distracção frequente; esquecer-se de fazer atividades diárias (por exemplo, lavar os dentes).
Os comportamentos relativos à hiperactividade incluem sinais como inquietação constante, dificuldade em permanecer sentado, correr e trepar excessivamente, dificuldade em brincar calmamente, falar em excesso, responder ainda antes de ouvir a pergunta completa, dificuldade em esperar pela sua vez e interromper os outros.
O mais frequente é as crianças ou os adolescentes apresentarem uma combinação destes comportamentos. E todas correm o risco de terem baixa auto-estima (porque não conseguem controlar o seu comportamento como as outras crianças; por causa das dificuldades no desempenho académico; por fazerem erros frequentes apesar do esforço para seguir as instruções; porque os adultos passam mais tempo a reparar nos seus erros do que nos aspectos positivos do seu comportamento), problemas nas relações entre pares (devido à dificuldade de gestão da frustração e de seguir regras, as outras crianças podem não querer brincar com elas) e maior probabilidade de experimentarem álcool, drogas e sintomas depressivos.
Por causa destas dificuldades algumas crianças também têm problemas na escola e na realização das tarefas escolares, sentem-se ansiosas e com pouca auto-estima, têm dificuldade em manter os seus amigos e podem ter um comportamento desafiante e agressivo.
Alguns sinais que acontecem na sala de aula e que podem indicar que a criança/adolescente tem PHDA:
- Dificuldade em prestar atenção e em focar-se no tema em estudo, assim como em ouvir instruções. Uma criança/adolescente com PHDA distrai-se facilmente com os colegas, sons exteriores ou mesmo com as paredes da sala.
- Problemas na organização do trabalho escolar e em lembrar-se das tarefas. Instruções complexas (por exemplo, “abram o livro de matemática na página 133 e resolvam os problemas 1 a 6. Quando acabarem abram o livro de história e leiam da página 20 à 25”) podem ser confusas. As crianças/adolescentes podem esquecer-se frequentemente dos TPC ou de outras tarefas escolares. Os livros e materiais escolares podem estar desorganizados.
- Incapacidade de estar quieto e sentado. As crianças e adolescentes com PHDA podem não saber porque é tão difícil para elas permanecerem quietas e sentadas, apesar de serem constantemente admoestadas para o fazerem.
- Dificuldade em esperar pela sua vez de dar a resposta na sala de aula ou para participar em jogos. Estes comportamentos facilmente irritam os restantes colegas.
- As dificuldades de aprendizagem são comuns nas crianças e adolescentes com PHDA. As dificuldades na escola podem não ser inteiramente explicadas pela PHDA. Se mesmo após iniciar o tratamento, a criança/adolescente mantém dificuldades académicas deve ser realizada uma avaliação.
- Efeitos secundários dos medicamentos. A medicação pode ter efeitos físicos, cognitivos ou comportamentais desconfortáveis e que interferem com o desempenho escolar. Mudanças de humor ou novos comportamentos numa criança/adolescente que iniciou o tratamento para a PHDA devem ser discutidos com os Pais.
É importante ter em consideração que as crianças e os adolescentes com PHDA não são “más”, não estão a “fazer de propósito” ou a “chamar a atenção”. Elas têm realmente dificuldade em controlar o seu comportamento.
Na verdade, qualquer um de nós (crianças, jovens ou adultos) pode experienciar períodos de falta de concentração, impulsividade ou hiperactividade. Mudanças importantes na nossa vida também podem, temporariamente, provocar comportamentos que são típicos da PHDA. Por isso é importante que o diagnóstico desta perturbação seja precedido de uma avaliação rigorosa realizada por um ou mais profissionais de saúde, entre os quais o Psicólogo.
Ouvimos falar muito em crianças hiperactivas e parece existir alguma tendência para explicar o mau desempenho e o mau comportamento das crianças pela presença de PHDA. No entanto, apenas 5% das crianças sofre desta perturbação e em Portugal esta percentagem é ainda mais baixa.
Existem tratamentos eficazes para a PHDA – farmacológicos e psicológicos: é possível gerir os comportamentos de uma criança com hiperactividade e melhorar a sua qualidade de vida. Se identifica estes sinais num aluno, procure ajuda junto do Psicólogo da Escola (hiperligação para Procurar Ajuda).
Como podem os Professores ajudar os alunos a lidar com a PHDA?
- Atribuir um lugar na sala de aula que limite as distracções. Sentar a criança/adolescente na primeira fila, em frente ao Professor, pode ser útil, assim como longe da porta e da janela.
- Reduzir os sons que possam provocar distracções. Os auscultadores podem, inclusivamente, ajudar os alunos a concentrarem-se.
- Clarificar quais são expectativas de comportamento dentro da sala de aula. Se os alunos compreenderem, antecipadamente, o que é esperado deles dentro da sala de aula e as consequências se as expectativas não forem cumpridas, terão uma melhor hipótese de serem bem-sucedidas.
- Chamar a atenção para as instruções que são dadas. Por exemplo, “Pedro, isto é uma instrução sobre o que deves fazer”. As crianças/adolescentes com PHDA podem ter dificuldade em ler as pistas sociais básicas.
- Peça ao aluno que repita as instruções que ouviu antes de começar a realizá-las. Esta estratégia reforça a instrução dada e permite saber se o aluno a compreendeu ou não.
- Dar pouca informação de cada vez, permitindo ao aluno seguir a matéria passo a passo e fazer verificações frequentes durante a aula.
- Desenvolver pistas visuais discretas e simples que ajudem o aluno a voltar à tarefa. As crianças/adolescentes respondem bem a estímulos que as recordem, mas que não as envergonhem.
- Ajudar os alunos a organizar os materiais escolares. Ter um conjunto completo dos materiais escolares necessários em casa e na escola pode evitar materiais perdidos. Prender materiais importantes como o lápis e a borracha à carteira também pode ajudar a reduzir os materiais perdidos.
- Ajudar os alunos a seguir e a completar as tarefas escolares. Por exemplo, enviar um email com as tarefas para casa.
- Identificar alturas e locais apropriados para os alunos se movimentarem. Alunos com PHDA podem ter necessidade de se mexerem mais frequentemente do que os restantes alunos.
- Desenvolver estratégias para interromper comportamentos indesejados. Por exemplo, para uma criança que tenha problemas em esperar numa fila, atribua-lhe um lugar específico e um colega específico para esperar junto com ela. Para uma criança que tenha dificuldade em esperar pela sua vez, estabeleça a rotina de ter de contar até 5 e só então colocar a mão no ar.
- Ajudar os alunos nas interacções com os colegas. A ajuda de um adulto pode ser muito benéfica quer para a criança/adolescente quer para os colegas. Encorajar as interacções em grupos mais pequenos.
- Reforce os comportamentos positivos. Elogie os comportamentos positivos dos alunos, por exemplo, quando conseguem estar sentados ou esperam pela sua vez.
Pode consultar outras Estratégias para Lidar com a Hiperactividade e a Falta de Atenção.
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