Stresse

Todos nós já nos sentimos stressados. É normal sentirmos que temos muito com que nos preocupar e demasiadas coisas para fazer, que os outros estão a exigir demasiado de nós ou que temos que lidar com situações sobre as quais não temos grande controlo.

Há situações que nos provocam stresse. Normalmente são situações que implicam mudanças ou que não controlamos. Algumas podem ser situações felizes (como casar ou ter um bebé) e outras menos positivas (como a doença de um familiar ou uma mudança de casa). Essas situações podem ser duradouras, como o desemprego, a pobreza, os problemas nas relações próximas ou ter de cuidar de um familiar doente. Mas também podem ser passageiras, como uma tempestade, ter um teste no dia seguinte, haver muito trânsito, estarmos constipados ou atrasados para um compromisso.

Há o stresse do dia-a-dia, provocado pelo facto de termos de gerir inúmeras tarefas durante a semana, por determinados acontecimentos que nos deixam nervosos (por exemplo, uma reunião com o chefe) ou pelas pessoas com quem convivemos (pequenos desentendimentos com colegas de trabalho ou pessoas próximas). Mas também há o stresse provocado por situações difíceis da nossa vida. Estas situações (um divórcio, mudar de cidade, acabar um relacionamento, a morte de alguém, conflitos familiares) não acontecem todos os dias, mas são muito stressantes e demoram mais tempo a resolver.

O emprego também traz um conjunto de pressões e ansiedades, constituindo uma fonte de stresse. O stresse originado pelo trabalho explica mais de metade das faltas ao trabalho e é o segundo problema de saúde relacionado com o trabalho mais reportado na Europa, afetando quase um em cada três trabalhadores.

O stresse no trabalho pode ser provocado por diversas situações. Por exemplo, ter demasiadas coisas para fazer em pouco tempo, ter um trabalho muito exigente ou demasiado fácil, a pressão dos prazos para cumprir, os turnos, a falta de controlo sobre o que fazemos e como fazemos, as más condições de trabalho (muito barulho, pouca luz, equipamento ou mobiliário desadequados), falta de apoio por parte da gestão, conflitos com os superiores hierárquicos, poucas expectativas de crescimento e de aumento do salário, medo de ser despedido, más relações com os colegas de trabalho, falta de equilíbrio entre o trabalho e a vida familiar.

Há quem pense que os adolescentes não se sentem stressados porque não têm as responsabilidades dos adultos – trabalhar e apoiar a família – mas isso não é verdade. Os adolescentes podem sentir-se stressados pela sua interacção com os pais (“não me desiludas”, “despacha-te”, “estuda e tem boas notas”, “não te metas em sarilhos”, “devias fazer mais amigos”), os amigos (“experimenta isto”, “prova que não és parvo”, “não andes com aqueles”, “não vistas isso”) ou mesmo consigo próprios (“preciso de perder peso”, “já devia ter músculos”, “tenho de vestir a roupa certa”, “tenho de ter boas notas este ano”, “tenho de conseguir mostrar aos meus pais que já não sou uma criancinha”). Para além disso, descobrir como tornar-se independente, pensar no futuro, ser pressionado pelos amigos para beber ou fumar, preocupar-se com as mudanças do corpo, lidar com novos sentimentos sexuais e outros desafios da adolescência pode ser, por si só, bastante stressante.

Quando estamos stressados podemos ter diferentes tipos de reacções, nomeadamente físicas: dor de cabeça, dores musculares, cansaço, dificuldade em dormir, pressão arterial alta, fome ou falta de apetite, indigestão, desmaios, dor no peito. Podemos sentir-nos irritados, agressivos, cansados, deprimidos, com medo de falhar, com receio do futuro, sem interesse pelos outros e pela nossa vida e perdermos o nosso sentido de humor. Pode ser mais difícil para nós tomarmos decisões e concentrarmo-nos.

Mas nem sempre o stresse é mau, até pode ter um lado positivo. Por exemplo, quando temos um trabalho para entregar o stresse pode manter-nos alerta e focados. Quanto mais treinarmos lidar com os desafios e o stresse do dia-a-dia, mais preparados estaremos para lidar com situações mais difíceis e complexas. Mas só é positivo quando dura pouco tempo e depois relaxamos.

Embora o stresse não seja uma doença, quando nos sentirmos muito stressados durante longos períodos de tempo, podemos desenvolver problemas de saúde psicológica como a depressão ou a ansiedade. Nestas situações sentimo-nos constantemente com medo e em estado de alerta, perdemos o nosso equilíbrio emocional e sentimo-nos incapazes de controlar a nossa vida. Quando a nossa vida se transforma e não conseguimos lidar com os nossos problemas, falar com um Psicólogo pode ajudar-nos a pensar e encontrar uma solução.

Para evitar ficarmos demasiado stressados ao lidar com as pressões e os problemas do nosso dia-a-dia podemos utilizar várias estratégias eficazes (e ensinar os nosso filhos a usá-las). Por exemplo,

  • Eliminar algumas actividades do horário. Quando nos estamos a sentir sobrecarregados, podemos considerar eliminar uma ou duas atividades do horário, deixando apenas aquelas que são realmente importantes para nós ou inadiáveis.
  • Planear. Para diminuir o stresse com as exigências e tarefas do dia-a-dia é importante planear, sabendo quais e quando são as nossas obrigações e depois, claro, cumprindo esse plano. Planear só serve se depois formos capazes de cumprir o plano.
  • Ser realista e pedir ajuda. Ninguém é perfeito nem sabe tudo. Não vale colocar pressão desnecessária sobre nós próprios. Quando sentimos que precisamos de ajuda – seja na educação dos filhos, nas tarefas domésticas ou no trabalho – mais vale pedi-la. Falar sobre as coisas que nos stressam com pessoas em quem confiamos pode ser muito útil para diminuir o stresse.
  • Não ignorar os problemas. Aprender a gerir o stresse também significa desenvolver competências que nos permitam lidar com os problemas, em vez de evitá-los. É importante também distinguir aqueles problemas realmente importantes, que devemos resolver e com os quais nos devemos preocupar, e aqueles que devemos deixar de lado, que afinal não são assim tão importantes.
  • Dormir e comer bem, fazer exercício. Manter o nosso corpo em forma, com uma boa noite de sono, alimentação saudável e exercício físico pode contribuir bastante para a forma como lidamos com as situações stressantes.
  • Arranjar tempo para relaxar. Incluir no horário diário actividades das quais gostamos – ler um livro, ver um filme, brincar com os nossos animais de estimação, tocar um instrumento, aproveitar desportos ao ar livre ou apenas estar com amigos.

Os pais podem estar atentos a alguns sinais de stresse nos filhos: aumento do nervosismo ou ansiedade, alteração do apetite, alteração dos hábitos de sono, dificuldades de concentração, dificuldade em “desligar” daquilo que os preocupa, aumento da irritabilidade, queixas físicas frequentes (dores de cabeça, por exemplo). Quando estes sinais são prolongados no tempo e afectam o dia-a-dia da criança ou adolescente e nenhuma estratégia parece ajudar a diminui-los, é importante procurar ajuda.